A formação social da mente
Vygotsky, L. S. A formação social da mente. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. pp. 51-76, 103-137 e 161-179.
De forma aparentemente contraditória, pretende este resumo crítico de alguns capítulos do livro A formação social da mente começar justamente pela análise de seu posfácio, já que neste os editores expõe as características gerais e mais relevantes da obra de Vygotsky. Como vários desses aspectos serão melhor explicados ao longo dos capítulos aqui tratados, a apresentação concisa do posfácio servirá apenas como uma rápida contextualição e familiarização com a obra desse importante psicólogo. Até a entrada de Vygotsky no cenário internacional da psicologia do desenvolvimento, esta encontrava-se polarizada entre as explicações de nativistas e behavioristas. Este propõe, então, um modelo novo para a reflexão e pesquisa na área, baseado no materialismo histórico dialético de Marx e Engels, que pressupõe um desenvolvimento psicológico humano não linear e sim sujeito a revoluções, metamorfoses, transformações qualitativas, entrelaçamento de fatores externos e internos, processos adaptativos e outras irregularidades. Em outras palavras, o desenvolvimento seria um complexo processo dialético onde a determinação histórica e transmissão cultural tem um papel essencial. Na construção de sua obra, Vygotsky revisa constantemente estudos e análises de psicólogos contemporâneos a ele, fazendo por vezes severas críticas às conclusões destes e por vezes usando outras pesquisas para subsidiar as suas próprias. A sua abordagem teórica e metodológica privilegia sobretudo a mudança e vê o homem como participante ativo de seu próprio desenvolvimento, principalmente na introdução de estímulos auxiliares artificias como forma de adaptação ativa. No que concerne à não passividade do sujeito, há concordância entre Piaget e Vygotsky; no entanto, ambos discordam quanto à existência de estágios universais do desenvolvimento, já que este último prioriza a