A formação do símbolo na criança
Imitação, jogo e Sonho Imagem e Representação
JEAN PIAGET
Tradução de ÁLVARO CABRAL e CHRISTIANO MONTEIRO
Terceira Edição
Título original:
La Formation du Sembole chez l'enfant imitation, Jeu et Rêve, image et Représentation
Traduzido da terceira edição, publicada em 1964, por Editions Delachaux et Niestlé,
Neuchâtel, Suíça.
Copiright (c) 1964,
INTRODUÇÃO
Os últimos trabalhos que consagramos ao desenvolvimento do pensamento racional na criança - A Génese do Número e O Desenvolvimento das Quantidades na Criança. focalizaram -a constituição dos diversos sistemas operatórios em jogo na logicização e na matematização nascentes do real, pelo que o pensamento intuitivo ou representativo só foi abordado, assim, de modo algo negátivo : tratava-se, sobretudo, de mostrar a sua insuficiência e a intervenção necessária das operações, propriamente ditas, para completar e corrigir êsse pensamento. Mas a representação imaginada, ou intuitiva, suscita uma série de problemas que convém examinar por si mesmos, em função da sua própria gênese e não apenas da sua inserção final no quadro das operações (ou, mais precisamente, das articulações progressivas que a transformam, pouco a pouco, em pensamento operatório e reversível). Importa, pois, reconstituir os inícios da representação e procurar compreender o seu funcionamento específico; só então será possível elucidar as questões das relações entre a intuição e as operações, nos casos em que a primeira se prolonga nas segundas, e naqueles, também numerosos, sem dúvida, em que a representação imaginada conserva a sua vida própria, fora das segundas, como no jogo, na imitação, no pensamento simbólico etc.
E mais. Antes de analisarmos a gênese das operações, tínhamos estudado - em O
Nascimento da Inteligência na Criança e em A Construção do Real' na Criança - a inte ligência sensório-motora anterior à linguagem, isto é, a forma de inteligência que prepara, no terreno da