A Festa de Babette e Max Weber
O filme dinamarquês de 1987, A Festa de Babette, com o roteiro baseado no conto de Karen Blixen de mesmo nome, possui uma relação forte com a obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, de Max Weber.
O filme narra a história de duas irmãs, filhas de um pastor puritano, Martina e Philippa - nomeadas em homenagem a Martinho Lutero e Filippe Melanchton – e de como Babette Harsant entrou em suas vidas.
A análise weberiana é perceptível desde a juventude das irmãs, que, por obediência ao seu pai e à sua religião, renunciam a qualquer modo de prazer. Sendo assim, o Pastor nega qualquer pedido de casamento oferecido às suas filhas e alega que não podem lhe tirar suas filhas, que considera ser “sua mão direita e esquerda”. Em determinado momento da juventude das irmãs, Achilles Papin, um famoso cantor francês, chega ao vilarejo na Dinamarca onde vivem o Pastor e suas filhas e logo se encanta com a beleza e voz de Philippa e se oferece para lhe dar aulas de canto. O Pastor aceita a proposta de Papin, pois este lhe garantiu que as aulas serviriam para melhor glorificar a Deus, mas, após poucas aulas, a própria Philippa decide que não deseja mais aprender com Papin quando este menciona a carreira musical e a ida para Paris. Tal decisão demonstra disciplina do puritanismo, onde o trabalho deve ser somente para a glória divina, o lazer é irracional e leva ao descontrole e uma atividade cultural, como cantar, pode levar ao ócio.
O Pastor exerce sua liderança através do princípio carismático de legitimidade. Segundo Weber, nesse tipo de dominação, a relação é sustentada pela crença dos subordinados nas qualidades excepcionais do líder, onde o líder carismático tem facilidade de persuasão, podendo dominar intelectualmente os seus seguidores. A liderança carismática do Pastor pode ser percebida em diversas cenas do filme, onde é demonstrado um enorme respeito à figura do pastor até mesmo após sua