raizes
Uma das preocupações centrais deste artigo é procurar percorrer o caminho trilhado por Sérgio Buarque para a construção de uma interpretação da sociedade brasileira. Inspirada nessa perspectiva, penso que uma melhor forma para se analisar Raízes do Brasil seja através da compreensão do que o autor entende por sociedade brasileira, compreensão essa construída por meio do significado dos pares antagônicos.
A questão que enfoco neste trabalho é: O que significa falar em pares antagônicos em Raízes do Brasil? O termo antagonismo, na obra, remete-nos à história de nossos colonizadores, mas não se restringe a ela, porque nossas raízes teriam sido formadas pela diversidade das culturas inseridas neste processo. O autor não trata os pares antagônicos de maneira descritiva, mas de forma dinâmica de modo a interagir no processo histórico. Nossa realidade é assim refletida a partir da pluralidade dessas culturas, nas quais portugueses, africanos, espanhóis e índios assumem uma relação dialética. Desta forma, Holanda busca identificar na história brasileira os traços característicos de uma identidade própria. Segundo o autor, a pluralidade das culturas inseridas neste espaço desenvolveu uma cultura única a partir da própria história do Brasil. Portanto, nesta obra publicada em 1936, Sérgio Buarque procura “analisar e compreender o Brasil e os brasileiros” (CANDIDO, 1996, p.9).
Esses pares dicotômicos (trabalho e aventura, método e capricho, rural e urbano, norma impessoal e impulso afetivo, burocracia e caudilhismo) estruturados por Holanda são fundamentais para que se possa entender toda extensão de sua obra. Trabalho e aventura constituem uma tipologia básica do livro (CANDIDO,1998).
Contudo, é de grande relevância ressaltar, como afirma o próprio autor de Raízes, em estado puro, “esses tipos não têm real existência, restringem-se apenas ao quadro das idéias”. Cada um desses tipos tem sua ética própria e “nos ajudam a melhor ordenar nosso conhecimento