A Felicidade segundo Aristoteles
Aristóteles acreditava em três patamares para se ser feliz: o 1º: uma vida de prazeres e satisfações; 2º - uma vida como cidadão livre, responsável, que procura o fazer o bem; 3º - procura da verdade. Neste último patamar ele aponta para uma vida como pesquisador e filósofo. Para tal é necessário tempo livre. Ninguém pode estudar sem momentos de folga. Quem dedica todo o seu tempo à conquista da sua sobrevivência ou à procura gananciosa de mais riqueza dispõe de pouco tempo livre.
Para Aristóteles a felicidade não está ligada aos prazeres ou as riquezas, mas a atividade prática da razão. Em sua opinião, a capacidade de pensar é o que há de melhor no ser humano, uma vez que a razão é nosso melhor guia e dirigente natural. Se o que caracteriza o homem é o pensar, então esta e sua maior virtude e, portanto, reside nela à felicidade humana. “Aristóteles, fiel aos princípios de sua filosofia especulativa, e após ter feito uma análise e um estudo da psicologia humana, verifica que em todos os seus atos o homem se orienta necessariamente pela idéia de bem e de felicidade e que nenhum dos bens comumente procurados (a honra, a riqueza, o prazer) preenche esse ideal de felicidade. Daí a sua conclusão: primeiro, a felicidade humana deverá consistir numa atividade, pois o ato é superior a potência; segundo, deverá ser uma atividade relacionada com a faculdade humana mais perfeita que é a inteligência (…)”. (Costa,1993, p.67)
O conceito de felicidade para Aristóteles é inverso a uma vontade de parar. O cansaço, talvez causado por uma falta de propósitos, assola a muitos. Não imaginam o que sempre me abalou quando os jornalistas perguntam às pessoas o que fariam se ganhassem o euromilhões. A resposta corrente é transversal a uma maioria: passa sempre pela vontade de parar. Para Aristóteles felicidade é agir. Constantemente. E agir bem, graciosamente, na justa medida: no tempo correcto, na intensidade correcta, na direcção correcta.