A Favor do Aborto
O respeito à vida é o respeito à vida em sua plenitude. Para uma vida ser plena, ela necessita minimamente de condições básicas de sobrevivência, mas também necessita de uma condição tão importante quanto as básicas: dignidade. A dignidade de uma vida reflete a capacidade dela ser respeitada como uma individualidade soberana, desde o seu início até o seu fim. Para uma vida ser plena e digna é preciso que todos seus direitos sejam respeitados e válidos e que o princípio de igualdade seja reconhecido.
Isto colocado, quero afirmar que a legalização do aborto, diferentemente do que muitos querem fazer crer, não vai contra o respeito à vida humana, mas ao seu favor.
Para provar esta afirmação basta ler as estatísticas relativas ao aborto clandestino e mortes maternas. O aborto é a terceira causa de mortes maternas no Brasil. Neste contexto é importante que as pessoas entendam corretamente o que é aborto. De acordo com a Organização Mundial da Saúde é considerado aborto o produto da interrupção de uma gravidez quando ocorre até a 22 (vigésima segunda) semana completa de gestação, 154 dias, e com produto da concepção pesando até 500gr. Depois deste período, é considerado parto prematuro.
A legalização do aborto e o aborto em si não são a mesma coisa. A legalização do aborto é reconhecer o direito primordial e soberano da mulher em decidir uma questão que se refere ao seu próprio corpo.
Esta é uma decisão pessoal, que não cabe a ninguém mais, além da própria mulher, seja governo, partidos ou muito menos ainda religiões. Vivemos em um estado laico, somos livres para professar ou não professar fé no Deus que quisermos, portanto, não há religião que possa por direito legislar sobre este tema. Cabe ao governo proporcionar segurança para as mulheres e reprimir a violência contra as mulheres, para que não ocorram estupros e gravidez decorrente de estupros. Cabe ao governo garantir acesso à saúde para a mulher nos casos extremos.