A etnomatemática africana como um meio de construção do currículo matemático
Alexandre César Gilsogamo Gomes de Oliveira1
Resumo
O presente artigo visa contribuir com o currículo matemático desenvolvido no cotidiano escolar de algumas escolas periféricas na cidade de São Paulo que, de algum modo, presumo ser o responsável pela desmotivação e pouca participação de alunas e alunos nas aulas de matemática. Neste intuito, considerando que nossa comunidade é formada, predominantemente, por negros e pardos, o intuito é verificar se uma proposta curricular calcada em conceptualizações etnomatemáticas favorece uma mudança deste contexto. Com a perspectiva de contribuir no processo educacional, o trabalho busca perceber se o contato dos educandos com atividades/situações-problemas matematizadas por povos/etnias que, em geral os planos de aula e os materiais didáticos não contemplam, propicia novas relações com o aprendizado matemático. A proposta visa uma reflexão sobre as práticas educacionais, em como intervir e mediar ações que sejam significativas, ou seja, “mediações etnomatemáticas” que reconheçam as características culturais, sociais e históricas destas crianças e adolescentes, bem como, contribuir para cumprimento da Lei 10.639/03. Palavras – chave: currículo; etnomatemática; significação; cultura; mediação.
Introdução Ao longo de duas décadas a Educação2 se faz presente em meu cotidiano através do ensino da matemática na rede pública, onde procuro participar, juntamente com outros, na construção de uma convivência mais justa e cidadã. O desafio de educar foi a
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E.M.E.F. Raimundo Correia; E.E. Dr. Diogo de Faria e GEPEm – Grupo de Estudos e Pesquisas em Etnomatemática – FE/USP. educalexandre@yahoo.com.br 2 Segundo Saviani, Educação é “(...) a comunicação entre pessoas livres e graus diferentes de maturação humana, numa situação histórica determinada. Dentro desse contexto, o processo ensino-aprendizagem é organizado intencionalmente de modo que se