A eterna insatisfação
Por melhores que estejamos, parece que estamos sempre buscando padrões,perfeições que não existem.Porque estamos sempre insatisfeitos?pergunta a leitora Viviane Oliveira.
Por: Eugenio Mussak
A frase acima é de um velho mestre de quem tive o privilégio de ser aluno-assistente no curso de medicina. Descendente de libaneses, admirador do poeta Gibran Khalil Gibran, o professor Jorge Karam lecionava fisiologia humana, mas, nos anos em que privei de sua companhia, ele estava naquela idade em que os homens, naturalmente, afastam-se da fisiologia e aproximam-se da filosofia.
O conselho apareceu no meio de uma discussão em grupo sobre a insatisfação humana. Alguém havia perguntado por que o homem é um eterno insatisfeito, e eu emendei, tentando entender o que leva uma pessoa a acumular mais riqueza do que pode gastar no resto de sua vida, enquanto outros têm tão pouco que não conseguem garantir sua sobrevivência de amanhã. O que diferencia o milionário Jay Gatsby do pobre pescador Santiago, só para ficarmos no mundo da literatura americana, comparando o personagem de Fitzgerald de O Grande Gatsby ao de Hemingway, de O Velho e o Mar?
Eu estava naquela idade em que sobram perguntas e faltam respostas convincentes, e estas vêm principalmente daqueles que tomam atitudes mais radicais. Era mais fácil entender Guevara do que Gandhi. Ainda tínhamos o pensamento simples de resolver a desigualdade tirando dos que têm dando para os que não têm. Éramos Robin Hoods universitários, dispostos a mudar o mundo. Era correto odiar o arrogante Gatsby e amar o humilde Santiago.
O professor, então, com sua paciência árabe, explicava que realizar sonhos, construir carreiras e possuir coisas materiais são desejos absolutamente naturais, esperados e até necessários, pois deles nasce o progresso. O problema, dizia ele, só surge quando ambição vira ganância ou quando alguém é prejudicado. Fora isso, a insatisfação é benéfica e, se não existir, principalmente na