A Eterna Contradica o Humana
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A Eterna Contradição Humana”No conto intitulado “A Igreja do Diabo”, Machado de Assis nos apresenta o relato da vez em que o Diabo resolveu fundar a sua própria igreja, julgando ser essa a alternativa mais eficaz para destruir de vez as diversas religiões; queria esvaziar os céus e obter a vitória final e o triunfo completo, imperando absoluto entre os homens. Assim, foi aos céus declarar os seus novos planos e, animado pelo novo desafio que travava com Deus, tratou logo de disseminar a sua doutrina. Com a sua retórica eloqüente, o Diabo foi aos poucos convencendo as pessoas que, entusiasmadas, passavam a “amar as coisas perversas e detestar as sãs”. A doutrina do anjo renegado era simples: preconizava que a avareza, a soberba, a gula, a ira, a luxúria, a preguiça são as nossas virtudes naturais e legítimas; assim, era preciso uma reformulação das estruturas valorativas, abandonando a prática das velhas virtudes sociais e exercitando as novas virtudes. E, conforme o Diabo havia planejado, aos poucos a doutrina de sua igreja espalhou-se pelo globo, e tornou-se, com o tempo, a nova ordem no mundo. Após longos anos, porém, o Diabo notou que muitos dos seus fiéis praticavam, às escondidas, as virtudes antigas; viu avarentos dando esmolas, ladrões que devolviam o que roubavam...a traição dos fiéis enfureceu o Diabo, que correu aos céus para saber qual era o motivo de tão assombroso fenômeno. E Deus, com naturalidade, lhe respondeu que isso se devia a eterna contradição humana.
É a partir desta declaração de uma eterna contradição da natureza humana que inicio minha reflexão filosófica. É possível, no meu ponto de vista, analisar essa afirmação sob três perspectivas.
Uma abordagem desta obra pode assumir como ponto de partida fundamental o dilema em que o ser humano se encontra neste conto machadiano. Tal dilema se instaura na medida em que se apresentam duas possibilidades existenciais: viver segundo um princípio egoísta, na terra, ou abdicar dos prazeres e desejos