A espetacularização dos fatos e o fim do real
A ESPETACULARIZAÇÃO DOS FATOS E O FIM DO REAL
Trabalho final da disciplina Moral e Ética na Contemporaneidade, do curso de pós-graduação em Ciências Sociais Globalização e Cultura, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
Prof. Adalton Marques
São Paulo
2013
A espetacularização dos fatos e o fim do real
Quando o jornalismo surgiu, sua premissa era “relatar os fatos como eles realmente aconteceram”. De mãos dadas com a atividade, então, veio a ideia de que o relato jornalístico é aquele objetivo, isento de opinião, em que o texto do repórter é apenas o espelho que reflete a realidade tal como ela é.
O primeiro dos problemas nessa intenção do bom jornalismo é da própria prática jornalística: não há maneira de o profissional se isentar de sua visão do fato na hora de redigir a matéria – ainda que haja, sim, a possibilidade de dar voz às partes envolvidas. No entanto, o filtro das interpretações sempre existirá. José Arbex Junior (de quem falo mais à frente) toca nesse ponto em certa altura de Showrnalismo, ao apresentar os críticos da objetividade, que acreditam que “fatos não existem, mas apenas interpretações”, indo até pensadores que, pior, “chegam a abolir o próprio mundo, que teria sido substituído pelo seu ‘simulacro’” (ARBEX, p.106).
Jean Baudrillard é um desses pensadores e fala sobre a não existência do real no seu trabalho Simulacros e Simulação – e aí o problema em relatar os fatos tal como aconteceram deixa de ser apenas do Jornalismo. Confesso que suas proposições são complexas demais para mim, ainda, mas quando Rancière, ao falar da morte do pensamento crítico, traz uma reinvindicação de Baudrillard, a teoria sobre a inexistência do real fica um pouco mais tangível. “Que nada restaria para ser criticado, uma vez que a crítica implica a denúncia de uma aparência brilhante que esconde uma realidade sólida e sombria, mas já não restaria nenhuma realidade sólida