Televisão aberta no brasil: a construção da realidade a serviço dos interesses do mercado
Prof. Dr. Luís Mauro Sá Martino
Nancy Galvão Ayres Neias
TELEVISÃO ABERTA NO BRASIL A construção da realidade a serviço dos interesses do mercado
São Paulo Junho de 2011
TELEVISÃO ABERTA NO BRASIL A construção da realidade a serviço dos interesses do mercado
Na sociedade contemporânea brasileira, a televisão “aberta” representa, para grande parte da população, sua única fonte de informações e de construção de representações sobre a realidade. No entanto, longe de ser concebida para ser um meio educativo, a TV constitui um produto da indústria dos bens de cultura – que, como tal, está atrelado à lógica de obtenção de lucro inerente ao sistema capitalista, bem como ao cumprimento dos interesses de seus proprietários. O resultado é um quebra-cabeças de difícil solução: de um lado, uma “máquina de construção da realidade” que detém o monopólio sobre a formação do pensamento de parcela considerável da população, funcionando a serviço da política de dominação da sociedade de classes; de outro, uma massa de espectadores que, desprovidos de educação e discernimento, aceitam e absorvem de bom grado as propostas advindas da programação que lhes é imposta, garantindo, assim, o funcionamento da máquina e do sistema que a mantém, em um ciclo vicioso eterno. O tema “indústria cultural versus cultura de massas”, bem como suas origens, causas e consequências, vem sendo exaustivamente estudado por especialistas através das décadas. Theodor Adorno e Max Horkheimer, teóricos da Escola de Frankfurt, desenvolveram uma reflexão especialmente crítica a respeito do fenômeno da mídia, conforme relata Setton (2001:27):
Poderíamos afirmar que tal análise faz parte da teoria crítica da cultura, desenvolvida a partir da idéia da extrema racionalização tecnológica da sociedade moderna. Os autores apontam que a racionalização imposta pela sociedade administrada pela técnica não está presente apenas na esfera da vida econômica, mas vai além dela, e