Geografia
Há muito tempo atrás, mas há muito tempo mesmo, tanto que nem poeira ou lembrança existem mais, a terra era bem jovem e tudo estava por ser feito. Naqueles tempos, muitos animais tinham aparência bem diferente da que conhecemos hoje em dia. A zebra, por exemplo, era branca como a neve que cobre o topo das montanhas e o babuíno tinha pêlos que lhe cobriam o corpo inteiro, da cabeça até o rabo. A brilhante zebra branca era por demais vaidosa e costumava passar horas e mais horas admirando o belo reflexo no espelho d’água de rios e lagos.
- Como sou bonita! – costumava dizer, toda cheia de si, sacudindo orgulhosamente a cabeça e balançando o rabo. Um dia, ao avistar um babuíno muito feio na outra margem do rio, pôs-se a dizer: - Olhe como sou bonita, macaco feio! Zombava cruelmente do pobre babuíno, a voz e a maldade ecoando em todas as direções e indo muito além das montanhas. - Zebra imbecil! – reagiu o babuíno, raivoso, erguendo a cabeça e cravejando os olhos flamejantes. - Você pode ser mais bonita e certamente o é, mas eu sou bem mais forte! Dito isso, a desafiou para um duelo. Na noite seguinte, sob a luz de uma grande fogueira, toda a tribo zulu veio assistir à briga da zebra com o babuíno. Este, muito esperto, cercara antecipadamente a fogueira com pedras. Usando de toda a sua habilidade, já que a beleza não põe mesa e inteligência é jóia rara, ferramenta para as grandes construções da vida, rapidamente conseguiu encurralar a zebra cada vez mais perto do fogo. Quando já se encontravam bem próximos, a zebra descuidou-se, tropeçou nas pedras e caiu de costas sobre as toras incandescentes da fogueira. Da dor à surpresa não se passou muito tempo e logo a zebra corria de um lado para o outro, gritando, saltando e escoiceando feito louca, o fogo e a fumaça desprendendo-se do rabo, a pele branquinha