Rubim Antonio Espetaculo Politica
Antonio Albino Canelas Rubim∗
Índice
1 Construindo um modelo hegemónico de análise
2 Um outro olhar possível
3 O (fabuloso) espetáculo da mídia
4 Um outro mundo possível
5 A espetacularização midiática da política
6 Bibliografia
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O espetáculo tem uma história de relacionamento com o poder político e a política que se confunde com a existência mesma dessas modalidades de organização social e do agir humano. A plêiade de exemplos possíveis de acontecimentos históricos, nos quais essas longas relações comparecem, não só inviabiliza sua enumeração exaustiva, como também torna desnecessária a citação de alguns deles, pois, com extrema facilidade, nossa memória histórica pode ser assaltada por inúmeros episódios, nos quais espetáculo, poder político e política aparecem em vital interação. Na bibliografia, disposta ao final deste trabalho, encontram-se indicados estudos sobre alguns desses episódios, considerados emblemáticos.
A rigor, pode-se afirmar, sem medo de errar, uma premissa constitutiva desse texto,
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Universidade Federal da Bahia
o espetáculo como um momento e um movimento imanentes da vida societária, de maneira similar às encenações, ritos, rituais, imaginários, representações, papéis, máscaras sociais etc. Portanto, o espetáculo deve ser compreendido como inerente a todas sociedades humanas e, por conseguinte, presente em praticamente todas instâncias organizativas e práticas sociais, dentre elas, o poder político e a política.
A questão a ser enfrentada não diz respeito então aos relacionamentos, historicamente existentes, entre espetáculo, poder político, política e vida em sociedade, mas a uma espécie de atualização desse problema: como o espetáculo, o poder político e a política se relacionam em uma nova e contemporânea circunstância societária, estruturada em rede (Castells, 1996-1998) e ambientada pela mídia (Rubim, 2000 e 2001)?
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Construindo um modelo hegemónico de análise
A caracterização da