A escuta psicopedagógica aos professores na escola
Marcos Vinícius Castro Souza *
RESUMO: Evidencia-se na literatura sobre psicopedagogia pouca reflexão acerca da escuta psicopedagógica aos professores na escola. Entretanto, a escuta é um elemento relevante e vem ocupando constantemente seu espaço nas mais variadas áreas, como: na psicanálise, na psicologia, bem como na própria psicopedagogia. Neste contexto, o principal objetivo deste artigo foi analisar a forma como o profissional formado em psicopedagogia exerce sua escuta aos professores na instituição escolar. Assim, optou-se pela realização de pesquisa de campo, utilizando-se a técnica de entrevistas para levantamento de dados, numa abordagem qualitativa. Contudo, a falta de referencial teórico dificulta o desenvolvimento da escuta clínica por parte dos psicopedagogos. Em virtude disso, o presente estudo pretende contribuir para a literatura sobre o assunto, apresentando possíveis estratégias para aprimorar/desenvolver a escuta psicopedagógica. Palavras-chave: Escuta; Psicopedagógicas; Professores; Instituição.
1 INTRODUÇÃO
O olhar e a escuta são elementos complementares no processo de análise de fenômenos sociais, pois, o ver e o escutar contribuem nesse processo. Para Weffort (1997), não ouvimos realmente o que os outros falam, e sim o que se quer ouvir. Neste sentido, o ver e o ouvir demandam implicações e entregas ao outro. A situação analítica desenvolvida por Freud (1976) para o seu método psicanalítico, “surge e se desenvolve na escuta e para a escuta singular à qual se propõe” (FALCÃO; MACEDO, 2004, p. 2). Assim, como recurso proveniente da técnica psicanalítica e que aos poucos vem conquistando espaço em diferentes profissões, a escuta clínica apresenta-se e destaca-se como ponto relevante intersubjetivo, característico do encontro analítico. Segundo Cecim (1997, p. 31), essa escuta difere-se da audição. Porque, enquanto a audição permite à apreensão/compreensão de vozes e sons audíveis,