A Escuta Do Sintoma Histerico Como Contribuicao Do Dispositivo Analitico Na Pratica Clinica Em Saude Mental
Daniela Costa Bursztyn∗
A discussão deste artigo visa sustentar a contribuição do método e da ética psicanalítica para o tratamento de sujeitos histéricos que, hoje, podem ser apartados das discussões clínicas e diagnósticas desenvolvidas nas instituições públicas de saúde. Na clínica psiquiátrica contemporânea, o diagnóstico de histeria foi suprimido entre outras categorias nosológicas inauguradas pela psiquiatria clássica dando lugar às novas classificações diagnósticas dos transtornos dissociativos, transtornos de personalidade, transtorno bipolar ou síndromes psicóticas. A função clínica do diagnóstico, tão essencial ao psiquiatra e à equipe que se ocupa do paciente, tende cada vez mais a ser centrada nos manuais de diagnósticos como o DSM IV e o CID-10.
Apesar de se situar na interface entre neurologia e psiquiatria, as crises histéricas, ou crises dissociativas como classificado pelos manuais diagnósticos da
CID-10 e DSM IV, costumam não responder aos efeitos de muitas medicações e com isso torna-se notável a ineficácia deste tratamento para alguns pacientes.
Comprometidos com a lógica dos recentes manuais diagnósticos, alguns profissionais que se ocupam do tratamento de sujeitos histéricos nas instituições psiquiátricas utilizam instrumentos terapêuticos, muitas vezes invasivos e ineficazes, visando a suspensão de alguns sintomas histéricos e negligenciando, com isso, o dizer desse sujeito sobre seu adoecimento e seu sofrimento psíquico revelado sob forma sintomática. Nesse cenário, a contribuição freudiana da escuta clínica do sintoma para o tratamento da histeria pode ser descartada na medida em que a clínica psiquiátrica reduz o sentido dos ditos do sujeito àquilo que é passível de ser inscrito em seus manuais.
Diante do desaparecimento do diagnóstico de histeria na clínica psiquiátrica formula-se o desafio, assumido pelos psicanalistas, de