EIZIRIK
Tema introdutório
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PSICANÁLISE E PSICOTERAPIA DE
ORIENTAÇÃO ANALÍTICA: RAÍZES
HISTÓRICAS E SITUAÇÃO ATUAL
Robert S. Wallerstein
Em 1995, publiquei um livro, The Talking
Cures: the psychoanalyses and the psychotherapies (As curas pela conversa: as psicanálises e as psicoterapias).1 As diversas ênfases, no plural, no título refletiam dois temas principais desse livro: 1. a evolução da psicanálise, como teoria e como terapia, a partir da estrutura unitária criada e proposta incansavelmente por Freud, durante toda a sua vida, até o mundo metapsicologicamente pluralístico no qual vivemos 2. o desenvolvimento da psicoterapia psicanalítica – a partir de sua origem teórica, a psicanálise –, inicialmente como uma adaptação distinta e coerente dos conceitos psicanalíticos às exigências clínicas de pacientes não considerados indicados para a psicanálise, mas atualmente evoluindo para um campo de relacionamentos multifacetados
(e problemáticos) com seu ancestral psicanalítico Antes disso (em 1989), eu havia publicado um artigo, Psicanálise e psicoterapia: uma perspectiva histórica,2 no qual ex-
punha as principais linhas do argumento, depois elaboradas com mais detalhes em meu livro de 1995.
Aqui, de forma altamente condensada, apresentarei as principais teses dessa história evolutiva complexa, vista sob uma perspectiva atual, e encaminharei o leitor às minhas contribuições anteriores para a completa exposição de meus pontos de vista. Inicio com Freud e o nascimento da psicanálise, por ele desenvolvida como um produto purificado do amontoado de abordagens terapêuticas em voga naquela época e introduzida experimentalmente com o auxílio de seu primeiro colaborador, Breuer. Ela logo se tornou a psicologia científica e a psicoterapia científica.
Contudo, embora Freud tenha devotado um tempo monumental à criação (quase sem ajuda) da psicanálise, como uma teoria da vida mental e uma terapia sistemática de seus transtornos, ele próprio nunca se voltou para