a educação em portugal de seiscentos
No que toca ao ensino e instrução da fé nas crianças, os clérigos contribuíam para a responsabilização dos pais, de modo a estes educarem convenientemente os seus filhos. Para tal efeito, interrogavam os pais sobre o modo como educavam os seus filhos, se utilizam palavras grosseiras ou indelicadas, se induziam más companhias ou ocasiões propicias ao pecado, se castigavam pequenos delitos, se obrigavam os seus filhos a seguir Deus e cumprir os seus deveres religiosos, se eram bons exemplos… generalizando, se ensinavam os boas praticas e a doutrina cristã.
A obrigação educacional para com as crianças, dos mestres e dos aios, era muito semelhante à dos pais. A estes eram entregues as crianças ainda muito jovens, dependendo assim dos mesmos as imagens que a mente infantil formava. Por isso havia um grande cuidado na escolha dos mestres. Um bom mestre era, essencialmente: prudente, sábio, virtuoso, singelo, instruído, não muito jovem (porque a tenra idade favorece a reverência, bondade, benevolência) e não muito severo (o discípulo não deve ganhar odio à virtude). Sobretudo, era necessário serem capazes de repreender sem vergonha e de louvar sem adulação.
Quando a criança começa a tomar conhecimento das coisas e a distinguir o bem do mal, achava-se conveniente iniciar o ensino da religião. Assim, o desenvolvimento da razão era acompanhado por uma ideia correta de Deus. Outros educadores da época defendiam que a doutrina crista devia ser ensinada desde os primeiros anos de vida, competindo aos pais esta responsabilidade desde cedo. Esta educação deveria depois ser acompanhada por um mestre espiritual.
É importante salientar que, todos os educadores-moralistas de seiscentos partilham a opinião de que a educação na infância deveria assentar no temor a Deus, no ódio ao pecado, no amor da castidade e no horror ao vício e à desonestidade. O que interessava era “domar” os desejos e impulsos infantis