A economia moral
O presente texto tem como objetivo fazer uma análise historiográfica do capitulo A economia moral da Multidão Inglesa no Século XVIII da obra Costumes em Comum: estudos sobre a cultura popular tradicional do inglês E. P. Thompson (1924-1993). O autor é considerado por muitos, um dos maiores historiadores do século XX, escreveu diversas obras e foi fundador de um grupo de estudos de filiação teórica marxista (New Left Review) juntamente com Christopher Hill, Eric Hobsbawm, Perry Anderson, Rodney Hilton, Dona Torr, dentre outros
Thompson, preocupa-se em apontar o quão demasiada superficial é a visão tradicional da historiografia economicista sobre os ditos motins na Inglaterra do século XVIII, que atribuem os mesmos a uma reação objetiva, direta e, talvez, natural ao problema da fome.
Basta mencionar uma colheita malograda ou uma tendência de baixa no mercado, e todos os requisitos da explicação histórica são satisfeitos. [...] A objeção é que esse diagrama, se empregado de forma pouco inteligente, pode nos levar a concluir a investigação exatamente no ponto em que adquire interesse cultural ou sociológico sério. (THOMPSON, 1998 pp 150 -151).
O autor agrega maior complexidade ao tema transpondo-o da esfera estritamente político-econômica para o campo da sociedade e cultura, elaborando um conceito de economia moral para se pensar porque, além da reação obvia ao problema da fome, ocorriam os motins, como estes se davam e se podemos realmente considerá-los eventos espasmódicos como afirma a visão mais tradicional.
Contra essa visão espasmódica, oponho minha própria visão. É possível detectar em quase toda ação popular do século XVIII uma noção legitimadora. Por noção de legitimação, entendo que os homens e as mulheres da multidão estavam imbuídos da crença de que estavam defendendo direitos ou costumes tradicionais. (THOMPSON, 1998 pp 152).
Neste ponto Thompson parece indicar que, para muito além