A década perdida - crise da dívida
A Crise da Divida da América Latina explodiu em 1982 e seus efeitos renderam a esse período a alcunha de “década perdida”: a incapacidade dos países latino-americanos em estabilizar seus balanços de pagamentos, a dificuldade em obter novos financiamentos para cobrir dívidas anteriores e a falta de confiança geral na solvência dos países resultou numa queda de 8% do PIB per Capita e de 43% nos investimentos estrangeiros.
Segundo Cardoso e Helwege, a historia do endividamento da América Latina pode ser traçada desde a descolonização, quando a região teve que custear seus esforços de independência e adquiriu diversas promissórias de dívidas. Em 1890, a competição desenfreada pelo financiamento dos mercados aquecidos e instáveis de Brasil e Argentina e a proliferação dos meios de pagamento causaram crises do serviço da dívida e desvalorização das moedas locais. A economia Argentina foi salva por moratória (“Arreglo Romero”) e a brasileira por impopulares medidas de austeridade. O Crash de 1929, que tornou impossível a venda de produtos primários na Europa e nos EUA, causou uma inadimplência que só pode ser negociada com a melhora dos termos de barganha latino-americanos durante os esforços para a Segunda Guerra Mundial.
A Crise da Dívida dos anos oitenta foi precedida pelo Choque do Petróleo de 1974, quando a América Latina em geral contava com os preços elevados de seus produtos primários de exportação para sanar as dívidas contraídas com o aumento do preço do petróleo, enquanto países exportadores do produto, como a Venezuela, tomaram empréstimos para investir em infra-estrutura e questões sociais, confiando nos lucros obtidos com o combustível.
Entre 1979 e 1981, a elevação da taxa de juros a nível internacional aumentou o volume da dívida dos países latino-americanos, simultaneamente a um novo choque do petróleo que prejudicou os países importadores. Em crise, os devedores não podiam pagar seus crescentes montantes de