a diversidade da psicologia
A Diversidade que Nos Une *
A pluralidade de perspectivas dentro da psicologia não é um acidente, mas o reflexo da própria natureza dos saberes e práticas psicológicas. Compreender essa diversidade é fundamental para a formação e atuação do profissional da área.
Por Érico Bruno Viana Campos
Tributária em sua origem de dois projetos substancialmente opostos – enquanto ciência natural e enquanto ciência social –, a psicologia como campo de saberes e práticas se constituiu e se desenvolveu caracteristicamente a partir da pluralidade de perspectivas, muitas vezes inconciliáveis. Aos olhos do senso comum, a multiplicidade de abordagens científicas costuma sugerir imaturidade, falta de rigor ou mesmo a falsidade do seu conhecimento e de seus métodos. Mas o campo da psicologia revela justamente o limite desse tipo de olhar, mostrando que os fenômenos humanos são de outra ordem de complexidade, em que a diferença (e não a identidade) é a tônica.
Duas versões da história
A psicologia é um campo de saber relativamente recente. É fruto derradeiro do movimento de constituição das ciências humanas e sociais ao longo do século XIX na cultura ocidental moderna, trazendo a marca das contradições e da crise dessa concepção de homem.
Em uma perspectiva mais tradicional da história da psicologia, que ainda é base para o senso comum, se caracteriza a psicologia (e também a psiquiatria) como um triunfo iluminista e científico sobre as trevas das crendices populares e especulações filosóficas. Seria algo como a aurora de um novo tempo em que a aplicação rigorosa do método científico garantiria o conhecimento da verdade e indicaria estratégias e técnicas de intervenção sobre os fenômenos psíquicos e relacionais humanos. Nessa perspectiva positivista e progressista ingênua, a diversidade do campo psicológico seria um acidente de percurso, uma anomalia temporária que tenderia a ser eliminada na