A dinâmica pendular das relações entre Estado e mercado
Embora a história seja um movimento constante de transformação – mais lento em determinados momentos, mais acelerado em outros – as mudanças e avanços produzidos ao longo do tempo fazem-se, aparentemente, em zigue-zague, mas certamente não em linha reta. No que se refere especificamente às relações entre Estado e mercado nas sociedades capitalistas, observa-se um movimento pendular, em que figuram como as duas principais referências ordenadoras da vida social:
Estado, situado à esquerda; e
Mercado, à direita – quando a sociedade é o próprio pêndulo a oscilar entre os princípios opostos.
Veja a Figura:
Figura: Movimento pendular das sociedades capitalistas
A partir de um determinado momento em que o pêndulo chega ao seu ponto máximo à direita e os mecanismos de mercado mostram-se insuficientes para estimular o investimento privado, o desenvolvimento econômico e o bem-estar social, a sociedade começa a inclinar-se à esquerda, buscando cada vez mais a intervenção do Estado como forma de corrigir as falhas de mercado, sanar as suas insuficiências e recriar as bases para a retomada dos investimentos, expansão da economia e aumento do bem-estar.
No momento em que o pêndulo chega ao seu ponto máximo à esquerda e a intervenção do Estado na regulação da vida social e econômica não se mostra mais capaz de promover o crescimento econômico e o bem-estar dos indivíduos – passando a ser percebido como um empecilho ao investimento privado, que é a condição necessária para a expansão econômica nas sociedades capitalistas, tem início o movimento oposto da sociedade em direção à direita, com a retração do Estado em favor dos mecanismos de regulação de mercado.
A imagem metafórica do pêndulo social, oscilando entre direita e esquerda, pode bem ilustrar a alternância entre os princípios dominantes de organização das relações sociais, mas é insuficiente para explicar como, em cada momento