A defesa de Socrates
399 a.C., O tribunal está formado. Cidadãos Atenienses provindo de diversas tribos formavam o tribunal heliasta, que reunia cerca de 500 membros. Aqui começa o Julgamento de um homem muitíssimo admirado por uns, e deveras odiado e repugnado por outros. Admirado pela carga revolucionária que trazia consigo, odiado pela carga revolucionária que consigo trazia. Este era Sócrates, que há anos se dedicava a uma missão que segundo ele teria lhe sido entregue pelo deus de Delfos, missão essa que o fizera tornar-se um andarilho, ao ponto de abster-se das riquezas, dos status e do glamour político. “(...) Isso começou na minha infância; é uma voz que se produz e, quando se produz, sempre me desvia do que vou fazer, nunca me incita. Ela é quem me barra da atividade política. E barra-me, penso, com toda razão; ficai certos, Atenienses: se há muito eu me tivesse voltado a política, há muito estaria morto e não teria sido nada útil a vós nem a mim mesmo.”. Porém a sua missão não o tornara um andarilho qualquer, a sua missão o tornou um andarilho questionador que dialogava com todos aqueles com quem o seu “demônio” permitia dialogar. Era um simples dialogo, mas passava longe de ser um dialogo simples. Dialogava com um objetivo, de modo a fazer com que seus interlocutores justificassem os conhecimentos que possuíam, e as virtudes que lhes eram apontadas. Assim, levava o interlocutor a argumentar a respeito da área em que era especialista, e após isso, o interrogava a respeito das opiniões emitidas. E o resultado geralmente era a constatação da fraqueza das opiniões externadas pelos seus interlocutores, falta de fundamentos em seus argumentos, contradições em seus conceitos. Desse modo, Sócrates colocou em xeque a reputação de muitos sábios, ao demonstrar-lhes por meio do “simples dialogo” a falta de suas sabedorias. Foi por meio desse exercício que