A dama de ferro
Confesso que resisti até os últimos minutos em ver “A Dama de Ferro”, uma das principais estreias da semana dos indicados ao Oscar 2012. Só de pensar em percorrer, quase duas horas, a história de uma figura política, me arrepiava. O que mudou minha decisão? Na última hora lembrei que uma grande amiga havia me sugerido a leitura da entrevista (sobre o filme) que Meryl Streep concedeu à Elaine Guerini, correspondente de Londres da Revista ISTOÉ.
Muito descontraída e bem humorada, Meryl Streep no auge dos seus 62 anos diz: “Se quero mais um?
Claro! Os que tenho estão cobertos de pó na prateleira da estante. Afinal já faz 30 anos que os ganhei’’, disse a bem-humorada atriz, referindo-se às estatuetas recebidas pela performance em “A Escolha de Sofia’’ (1982) e em “Kramer vs. Kramer’’ (1979), quando foi considerada a melhor coadjuvante.
Uma grata surpresa: o filme descreve a trajetória humana dessa controversa mulher, uma Thatcher frágil, vulnerável e reclusa, uma senhora na casa dos 80 anos acometida pela arrasadora demência senil. Quanta ironia da vida! Como imaginar a destemida primeira ministra britânica que tanto usou e abusou do seu cortante raciocínio, agora traída sem qualquer clemência pelos destinos da vida.
Confusa e vítima de alucinações, ela revisita os fatos mais marcantes de sua vida. Meryl explica porque aceitou o papel: “Não me interessaria por um filme político. É uma história sobre a dureza de envelhecer, mesmo quando no nosso íntimo ainda sentimos como se tivéssemos 20 anos.’’
Num diálogo tocante com seu médico sobre o “sentir” Thatcher idosa e sempre irreverente diz: “O que sou obrigada a sentir? As pessoas não ‘pensam’ mais. Elas ‘sentem’. ‘Como você está se