A cultura ganguela
Os tempos continuam a mudar e perante as pesquisas etnográficas e sobre a cultura dos povos já não há mais ninguém que ouse pensar num retrocesso do desenvolvimento mental dum africano adulto ou considere a ausência de escrita uma incapacidade de abstracção no mundo de sensações e fantasias cada vez mais renovados.
A falta de arquivos não tira o africano, nganguela, os longos séculos de história, os seus complicados sistemas de civilização moral, estética, social, o sentido da vida, a sabedoria, as tradições e a sua transmissão geracional. A África é um continente antigo, o mais antigo, o berço da humanidade: a resistência paciente das sociedades rurais e as novas formas de sincretismos religiosos representam uma «memória colectiva do passado» e disto ninguém está fora.
Perante o difícil «rito de passagem» que o mundo moderno da técnica e da indústria lhe apresentam, o africano procura não perder a sua alma e as suas lições de sabedoria. É nestes moldes que o nosso trabalho vai ser desenvolvido, o mesmo está repartido em dois momentos de reflexão. Durante a exposição não faremos menção de uma situação geográfica e nem a conceitualização de alguns termos presentes no tema apresentado mas sim vamos tratar do assunto em causa; A pessoa humana na cultura Nganguela e suas implicações morais.
No encontro com as culturas africanas, o ocidental talvez tenha uma atitude de auto-suficiência ou um complexo de superioridade. Isso seria esquecer que não existe um parâmetro universal de valores da pessoa humana e sua dignidade, que sirva a dar um justo juízo de todas as culturas ou pelo menos que existem valores parecidos, mais ou menos marcados, em todas as culturas. Não existe uma cultura radicalmente pobre, porquanto toda cultura é em definitiva manifestação do homem e sua relação com Deus e com o seu próximo.
A cultura Nganguela procura condensar todo o sentido de dignidade da vida humana
Os conhecimentos antropológicos