A crise europeia e seus reflexos na economia brasileira
Ainda não dá para prever o quanto a economia brasileira será afetada, mas queda na projeção do Produto Interno Bruto é sinal claro de que os efeitos já estão sendo sentidos
Fernando Leite/Jornal Opção
Cezar Santos
Dólar subindo, investimentos externos no Brasil caindo. Essas são duas das consequências mais evidentes da crise greco-europeia na economia brasileira, apontadas por um dos mais experientes economistas brasileiros, o ex-ministro Rubens Ricupero, atualmente diretor da Faculdade de Economia da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), de São Paulo.
Na terça-feira, 22, Ricupero fez ao Jornal Opção uma análise rápida da crise na Europa e seus efeitos na economia brasileira, considerando também as últimas medidas do governo para estimular o consumo, na tentativa de evitar que o Produto Interno Brasileiro (PIB) cresça menos que 3% este ano. “É muito difícil prever o que vai acontecer no Brasil no curto prazo. Mas o fato é que a influência já está acontecendo. É uma das razões que explicam o aumento do dólar no Brasil — na quarta-feira, 23, a moeda americana já estava cotada a R$ 2,08.”
Segundo o ex-ministro da Fazenda (em 1994, durante o lançamento do Plano Real no governo Fernando Henrique Cardoso), a crise da Europa está provocando dois fenômenos neste momento, a valorização do dólar, que é uma moeda mais sólida, em relação ao euro; e por outro lado, um retraimento dos investidores internacionais que antes vinham com muita frequência aplicar no Brasil. É verdade que esse retraimento já vinha ocorrendo desde 2009, quando foi instituído o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), para conter um pouco a entrada de investimento especulativo de curto prazo.
“A alta do dólar em relação ao real, sem dúvida, já é o efeito da crise europeia. Outro efeito é que a falta de crescimento lá está afetando o comércio exterior, concomitante à desaceleração na China. Então os efeitos são visíveis aqui. Tanto que o crescimento brasileiro