A crise do paradigma dominante
A crise do modelo hegemônico decorre da interatividade de uma série de condições teóricas e sociais. O autor destaca, inicialmente, quatro condições teóricas que contribuíram para a crise do paradigma dominante: 1ª) a teoria da relatividade de Einstein; 2ª) a mecânica quântica; 3ª) o questionamento do rigorismo matemático; 4ª) o avanço do conhecimento nas áreas da microfísica, química e biologia na segunda metade do século XX. Nos últimos parágrafos do capítulo, o autor apresenta, em aspectos genéricos, algumas condições sociais proporcionadas pela crise do paradigma dominante.
A primeira condição teórica diz respeito à teoria da relatividade de Einstein. O ponto-chave aqui repousa na divisão feita pelo cientista entre simultaneidade de eventos no mesmo local e simultaneidade de eventos em locais diferentes (à distância). Partindo dessa idéia, as concepções até então concebidas de espaço e tempo seriam revolucionadas. “Não havendo simultaneidade universal, o tempo e o espaço absoluto de Newton deixam de existir”(5). Passa-se, portanto, a conclusão de que as leis da física e da geometria assentam-se em medições locais, pois dois acontecimentos simultâneos num sistema de referência não são simultâneos noutro sistema de referência.
A segunda condição teórica refere-se à mecânica quântica. Aliada ao princípio da incerteza de Heisenberg e à teoria de Boher, a mecânica quântica demonstra que não é possível observar ou medir um objeto sem interferir nele, “a tal ponto que o objeto que sai de um processo de medição não é o mesmo que lá entrou”(6). Três são as principais conseqüências trazidas pela mecânica quântica: 1ª) sendo limitada a estrutura do conhecimento que pode ser adquirido, as leis da física são meramente probabilísticas; 2ª) o mecanicismo é inviabilizado uma vez que a totalidade do real não é reduzível à soma das partes da divisão feita para a medição do objeto; 3ª) é muito mais complexa a divisão entre sujeito e