A crise de valores no mundo contemporaneo
Pedro Cintra
Todos nós aceitamos que os valores estão em crise, é como que um dado adquirido. Mas o mais interessante é que nunca nos questionamos acerca de como, há quanto tempo e porquê que ela perdura. Apenas sabemos que hoje tudo é relativo e bastante subjetivo, pois não existem critérios seguros para distinguir o bem do mal, o justo do injusto, por exemplo. Por mais que nos custe (ou não) os valores são quase sempre produto de interesses egoístas. Mas onde é que tudo isto começa? A família é o cerne da criação e onde são incutidos os primeiros valores que acabam por servir de mote à nossa vida. Estando atualmente as estruturas familiares em crise, é difícil eleger um conjunto de valores que se considere fundamentais na educação de um individuo. Porém, será possível estandardizar valores quando nos consideramos seres únicos e holísticos? Hoje fala-se da crise económica - é a ela a quem apontamos o dedo e que assumimos ser a causadora desta outra crise: a dos valores. Mas, se falamos e acusamos que a economia é um dos pilares desta crise, será também justo referir que as alterações científicas e tecnológicas são, também, alicerce e que de passivo passou a ativo neste jogo dos valores. O panorama profundamente negro em que vivemos está longe de ser consensual. Para uns a crise nunca existiu, a sociedade apenas se modelou - tornando-se menos rígida e monolítica. Contudo, é tempo de ilustrar o meu ponto de vista: à priori, penso que se estou em crise para com os valores, todos aqueles que me rodeiam e com quem contacto estão também eles em crise, pois nós, humanos, somos meras “esponjas absorventes”, ou seja, ao interagirmos influenciamo-nos e deixamo-nos influenciar. Mas, crise, a palavra crise, fará algum sentido empregá-la? Sendo os valores algo imensurável, poderemos dizer que estes estão em falta? Eles existem, e na mesma proporção, o que os torna diferentes são a sua qualidade, e talvez seja isso que