A Corrosão do Caráter

A Corrosão do Caráter – Cap. I
O autor reencontra Rico no aeroporto depois de 15 anos sem contato algum. Da última vez que estiveram juntos, o autor entrevistara o pai de Rico, Enrico, enquanto trabalhava num outro livro.
Enrico
Na época, Enrico trabalhava há vinte anos como faxineiro num prédio comercial e tinha grandes esperanças para o filho adolescente. Não se queixava disso, mas também não tinha nenhum entusiasmo com o Sonho Americano. Levara quinze anos para economizar o dinheiro de uma casa que comprara numa área residencial, saindo de seu antigo bairro italiano, pensando no melhor para os filhos. Nessa época sua mulher, Flávia, fora trabalhar como passadeira numa lavanderia. Juntos, economizavam para a educação universitária dos dois filhos homens.
Os trabalhos raramente variavam; a conquista era cumulativa, Enrico sabia exatamente quando ia aposentar-se e quanto teria para isso.
Possuía duas identidades: I) quando visitava sua antiga comunidade de imigrantes; II) na nova vida neutra suburbana.
Enrico antipatizava com os negros e estrangeiros não italianos (embora pudesse conviver em paz com eles) e principalmente antipatizava com as pessoas da classe média (dizia que o tratavam como se fosse invisível).
Embora sentisse que conquistara certo grau de honra social, dificilmente quereria que o filho Rico repetisse sua vida. Era movido pelo sonho americano de mobilidade ascendente para os filhos.
Rico
Agora, muitos anos depois, graças ao encontro no aeroporto, o autor tinha a oportunidade de ver como o filho de Enrico se saíra na vida.
Rico concretizara o desejo paterno de mobilidade ascendente, mas diferente do pai, despreza os “conformistas”. Ao contrário dele, mantém-se aberto à mudança e a correr riscos. Prosperou. Enquanto Enrique tinha uma renda no último quarto da escala salarial, a de Rico disparara para os cinco por cento do topo.
Após diplomar-se numa universidade local em engenharia elétrica, Rico foi para uma escola de comércio em