A corrosão do caráter

1739 palavras 7 páginas
Richard Sennett, professor de sociologia da Universidade de Nova York e da London School of Economics escreveu em 1998 o ensaio sobre ética do trabalho A corrosão do caráter: conseqüências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Sennett, neste ensaio, dá continuidade a sua pesquisa e reflexão sobre as novas relações de trabalho no capitalismo moderno e suas conseqüências no caráter individual. É autor também de outros ensaios e livros como Carne e Pedra, O declínio do Homem Público e The Hidden Injuries of Class (com Jonathan Cobb), Este longo ensaio inicia-se como uma conferência feita na Universidade de Cambridge em 1996 por Sennett. Segundo o autor, a permanência no Centro de Estudo Avançado em Ciências Comportamentais lhe proporcionou tempo suficiente para escrever esta obra. Além disso, o autor evidencia suas experiências pessoais com trabalhadores americanos ao longo de sua vida e, a partir de tais experiências, passa a refletir sobre as relações de trabalho, o caráter pessoal e as suas transformações no novo capitalismo.
Com base em sua definição de caráter: traços pessoais a que damos valor em nós mesmos, e pelos quais buscamos que os outros nos valorizem (p.10), Sennett passa a questionar as relações de trabalho contemporâneo e suas implicações nos valores pessoais como a lealdade e os compromissos mútuos. Como definir nossos traços pessoais, nosso valor em uma sociedade onde tudo é efêmero, onde a flexibilidade, ou seja, o poder de se ajustar a qualquer meio é tido como valor? Não é possível construir um caráter em um capitalismo flexível, onde não há metas a longo prazo, pois a construção deste depende de valores duradouros, relações duradouras, de longo prazo, isto não é possível em uma sociedade onde as instituições vivem se desfazendo ou sendo continuamente reprojetadas.
Para discutir esta questão, Sennett recorre à várias fontes, como dados econômicos, narrativas históricas e teorias sociais como de Max Weber e Adam Smith e, ainda, à sua vida

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