A corrosão do caráter
Com base em sua definição de caráter: traços pessoais a que damos valor em nós mesmos, e pelos quais buscamos que os outros nos valorizem (p.10), Sennett passa a questionar as relações de trabalho contemporâneo e suas implicações nos valores pessoais como a lealdade e os compromissos mútuos. Como definir nossos traços pessoais, nosso valor em uma sociedade onde tudo é efêmero, onde a flexibilidade, ou seja, o poder de se ajustar a qualquer meio é tido como valor? Não é possível construir um caráter em um capitalismo flexível, onde não há metas a longo prazo, pois a construção deste depende de valores duradouros, relações duradouras, de longo prazo, isto não é possível em uma sociedade onde as instituições vivem se desfazendo ou sendo continuamente reprojetadas.
Para discutir esta questão, Sennett recorre à várias fontes, como dados econômicos, narrativas históricas e teorias sociais como de Max Weber e Adam Smith e, ainda, à sua vida