A Construção Social do Conceito de Identidade Profissional
A Construção Social do Conceito de Identidade Profissional
Clara Santos
DA IDENTIDADE PESSOAL À IDENTIDADE SOCIAL
A questão da construção de perfis identitários como processo social constitui uma discussão fundamental no pensamento crítico contemporâneo, destacando-se um elevado número de sub-conceitos inerentes à teoria da identidade (auto-conceito, categorização, protótipos, estereótipos, representação social, entre outros). Um elemento permanece, no entanto, comum, na diversidade deste panorama crítico.
A identidade, enquanto característica singular de um indivíduo que o distingue do outro, implica, paradoxalmente, uma dualidade: a identidade pessoal (ou a identidade para si) e a identidade para os outros.
Esta dualidade não pode ser quebrada, uma vez que a identidade pessoal tem de ser reconhecida e confirmada pelos outros. Por outro lado, este processo não é estável, nem linear. Pelo contrário, apresenta-se complexo e dinâmico, na medida em que, em primeiro lugar, cada um de nós pode recusar uma identificação e se definir de outra forma e, por outro lado, sendo um processo construído socialmente, muda de acordo com as mutações sociais dos grupos de referência e de pertença a que estamos ligados, conforme estes alteram as suas expectativas, valores influentes e configurações identitárias.
Interacções número 8. pp. 123-144. © do Autor 2005
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Interacções
EU E O OUTRO NA CONSATRUÇÃO DE MIM
Como resposta à questão fundamental ‘Quem sou eu?’, surgiram diversas explicações fiosóficas e teológicas, ao longo da história, a maioria das quais, assumiam uma contraposição entre um princípio transcendental e a temporalidade humana. Referências canónicas deste dualismo são o pensamento de autores como Locke, Hume e Kant.
No entanto, a maior parte dos teóricos actuais do auto-conceito presta maior atenção, em termos da genealogia dos conceitos críticos da teoria contemporânea, a autores como William James e interaccionistas simbólicos como Charles Horton Cooley