A construção Científica
Observações Iniciais O que se pode fazer é apresentar uma proposta de definição da ciência, na consciência de que é uma entre tantas. Evitando apenas dois extremos: o dogmatismo e o relativismo. Sendo a ciência um fenômeno histórico, é propriamente um processo. Em ciência estamos sempre começando de novo. Fazer ciência social é em parte aprender a compreender outras visões e admitir a própria como preferencial porque a imaginamos menos defeituosa.
A Demarcação Científica Demarcação científica é o esforço de separar o que é e o que não é científico.
Não é ciência o que chamamos de senso comum a forma comum de conhecermos a realidade, sobretudo através da experiência imediata. O senso comum é marcado por ser um conhecimento acrítico, imediatista, crédulo, não possuir sofisticação, não problematizar a relação sujeito/objeto, acreditar no que vê sem criticar. Porém, por mais que seja crédulo,é componente essencial das condições de existência. O senso comum menos que ser falta de conhecimento, é uma forma própria dele. A ciência não é ideologia, entendida aqui como justificação de posições sociais. A ideologia volta-se para a justificação política de posições sociais correspondendo ao débito social da ciência. A ideologia ao contrário do senso comum, pode ser muito sofisticada, por isso é geralmente produzida por intelectuais. Mas, a ciência não pode ser entendida apenas como combate à ideologia, na busca de sua eliminação. A ciência tem senso comum assim como ideologia e esta contém aquele e vice-versa. O cientista tenta alcançar seu objetivo dentro de certos rituais: evita a credulidade, assume atitude distanciada, cita autores, usa uma linguagem estereotipada, quase um dialeto, busca definir termos da forma mais precisa possível, emprega técnicas complexas de quantificação, confia apenas em testes rigorosos, e assim por diante. Tais cuidados poderiam ser categorizados em critérios externos e internos de cientificidade.