A constituição do modelo bio médico
Uma questão que costuma ser colocada é: que condições e fatores levaram a constituição do modelo biomédico, com a exclusão do psíquico e a perda de uma visão integral do ser e do adoecer? Quais os fatores que contribuíram para essa evolução?
No exame dos dados históricos há uma relativa concordância de que, inicialmente, parece ter havido um convívio harmonioso entre a vertente religiosa e empírica e que a separação entre doenças físicas e mentais não havia se estabelecido. O homem primitivo estendia a causalidade motivacional de suas próprias ações a toda natureza e, a medicina progrediu à medida que o homem se libertou, gradualmente, dessas teorias animistas e as substitui por outro tipo de causalidade – não psicológica e aplicável também a natureza inanimada. A ciência natural só pôde desenvolver-se depois que o homem substituiu suas idéias primitivas da causalidade motivacional na natureza pelo reconhecimento de certas regularidades no mundo natural. Considera-se que a influencia do paradigma cartesiano sobre o pensamento médico foi um fator determinante na construção do chamado modelo biomédico, alicerce consensual da moderna medicina cientifica. Descartes propõe por meio de suas concepções, uma separação absoluta entre fenômenos da natureza e fenômenos do espírito e, por conseqüência, uma separação radical entre corpo e mente. A distinção do interno e do externo, dos estados psíquicos vivenciados e do acontecer corporal do espaço. Esse modelo que antes era considerado moderno e único hoje, com o nascimento e fortalecimento da psicologia não é visto com os mesmos olhos. Infelizmente as pessoas, principalmente as mais velhas, são muito ligadas a esse método da biomedicina onde o especialista trata diretamente na doença, unicamente orgânico. Só avaliam como bom médico aquele que examina e discrimina algum medicamento. O discurso médico, considerado autoritário, elimina a fala do