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Resumo
O artigo discute, em perspectiva interdisciplinar, a questão do Patrimônio Histórico-Cultural, propondo sua apropriação enquanto objeto de estudo da História, a fim de desenvolver, nos alunos, a consciência de nossa identidade e construção da cidadania.
"Entre nós tudo é inconsciente, provisório, não dura. Não havia ali nada que lembrasse esse passado. As casas velhas, com grandes janelas, quase quebradas, e vidraças de pequenos vidros eram de há bem poucos anos, menos de cinqüenta".
(Lima Barreto in Triste Fim de Policarpo Quaresma)
Embora proferida no contexto de uma obra literária do começo deste século, por um personagem fictício — Gonzaga de Sá, que vagava pelas ruas do Rio de Janeiro à procura de uma identificação histórico-cultural —, a frase conserva toda a sua atualidade e é, ainda nos dias de hoje, bastante elucidativa ao evidenciar uma realidade de nosso país: a atuação e postura do poder público e da sociedade brasileira em geral para com a preservação do patrimônio cultural.
Já é quase lugar-comum falar: "O Brasil é um país sem memória", pois não preserva o seu Patrimônio Cultural. Qualquer cidadão comum que vagar pelas ruas de sua cidade terá, com certeza, o mesmo desalento do personagem de Lima Barreto: poucos prédios e monumentos de valor histórico-cultural resistiram à ação demolidora do tempo. Outros destruídos foram em nome de uma concepção desenvolvimentista do progresso e do lucro fácil e imediato, respaldados na especulação imobiliária, na lógica do capitalismo selvagem e na "força da grana que ergue e destrói coisas belas"2 que sempre desprezaram a defesa de nossa memória histórica.
Mesmo estando a caminho do terceiro milênio, o homem ainda não foi capaz de conciliar a onda avassaladora do progresso com a preservação do passado, prenhe de realizações e significações culturais para as futuras gerações. Em meio a um discurso