A CONCEPÇÃO DO POVO NO MAQUIAVEL REPUBLICANO

AGLAILTON DE OLIVEIRA MAGALHÃES

Projeto de Pesquisa:
A CONCEPÇÃO DO POVO NO MAQUIAVEL REPUBLICANO

Linha de pesquisa: Cultura, Política e
Conflitos Sociais.
Projeto de pesquisa apresentado ao programa de Pós-Graduação (Mestrado em Sociologia), da Universidade Federal do Ceará.

FORTALEZA
SETEMBRO 2009

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INTRODUÇÃO
O pensamento social, muitas vezes, é produzido voltando-se para o passado a fim de corrigir equívocos, compreender conceitos ou simplesmente procurar respostas para velhas questões. Este projeto pretende lançar um olhar diferenciado sobre a obra de Nicolau Maquiavel (Niccolò
Machiavelli), cujo livro mais conhecido, O Príncipe, é habitualmente identificado como a expressão de um pensamento amoral, autoritário e absolutista. Entretanto, o estudo de outros textos, e mesmo uma leitura mais atenta de O Príncipe, indicam que a obra de Maquiavel pode ser considerada como uma referência de primeiro plano para a discussão sobre o Estado republicano. E, ao demonstrar a superioridade da República sobre a Monarquia, Maquiavel eleva o povo a uma categoria política legítima, não apenas portadora de direitos políticos como sendo uma componente essencial para a
‘convulsão popular’ virtuosa do regime. Como afirma André Singer, (2006, p. 349), o florentino Maquiavel foi não raras vezes retratado como um defensor da tirania. Para quem lê O Príncipe (1973) pela primeira vez, e com olhos derramados, a acusação não soa absurda. Execrado por parte dos comentadores do seu próprio século e dos seguintes, a ponto de ter hoje o nome convertido em um adjetivo depreciativo, não é fácil perceber o que Maquiavel tem a ver com liberalismo e democracia. Mas ao contrário das primeiras aparências, a obra de Maquiavel é fundamental para pensar tanto o Estado quanto a liberdade. Torna-se, pois necessário a compreensão do conceito de povo e sua relação com a
República. Só assim compreenderemos como o povo passou a existir como categoria política a