Maquiavel
1. Maquiavel escreve sobre o campo político - relação entre governo e governados - e portanto a aplicação do que escreveu ao campo privado é indevida. Separa a moral da vida privada, Ética ou moral de princípios, da moral da política. Esta tem outra moral: a Moral ou Ética da Responsabilidade.
a) Ética de Princípios e ou de valores: Nela seguimos valores ou princípios quase absolutos ou absolutos (absolutos no caso da moral de princípios de Kant). A intenção conta muitas vezes mais do que o resultado da ação. Esse traço varia na razão direta da intimidade que tenho com as pessoas com quem lido. Na ética de princípios o fracasso não é fracasso. (Provérbio francês: “Quem perde, ganha”). A intenção desculpa o ato.
b) Ética da Responsabilidade: Diferentemente de Kant e outros filósofos que elaboraram uma ética das intenções o filósofo Maquiavel, o sociólogo Max Weber (influenciado por Maquiavel) e outros pensadores propõem para a política uma outra moral, uma outra Ética, a chamada “Ética da Responsabilidade”. Uma ética que leva em conta as conseqüências e efeitos colaterais dos atos dos sujeitos agentes. É claro que Kant, ao destacar que o valor moral de uma ação está na intenção ou no respeito à lei (imperativos categóricos), não está afirmando que os sujeitos devem ignorar os resultados e as conseqüências. Está dizendo que elas não podem ser o fundamento determinante de uma ação que pretende ter valor moral. O homem moralmente bom para ele é o que obedece a lei pela lei e não por causa das conseqüências.
Mas na política não se pode perdoar o fracasso alegando a intenção. A intimidade não é levada em conta mas sim a aparência externa dos atos. Não há desculpa para o fracasso. Por isso podemos dizer que a vida de quem age na política é mais difícil. O que age na política é o que formula as leis ou regras, do que elabora o quadro institucional. Não é o caso do cidadão comum que nele está enquadrado. O político