Historia
E INTENÇÕES NOS TEXTOS DE
MAQUIAVEL. IN: JOSÉ
ALVES DE FREITAS NETO ET AL.. (ORG.). A ESCRITA DA MEMÓRIA: INTERPRETAÇÕES E ANÁLISES
DOCUMENTAIS. SÃO PAULO: INSTITUTO CULTURAL BANCO SANTOS, 2004, P. 149-184.
A DISCUSSÃO SOBRE A UNIDADE DOS TEXTOS DE MAQUIAVEL As considerações de Maquiavel sobre a moral são destacadas, muitas vezes, a partir da obra que se pretende analisar. Assim, remetendo-se aos conteúdos e às formas de seus textos, retomamos a importância da produção bibliográfica de Maquiavel e seus múltiplos debates. Em O Príncipe e nos Discorsi há variações políticas que se interagem com a questão moral. Como já relatamos, uma obra trata dos principados e a outra sobre as virtudes republicanas. As associações morais entre um governo forte e a valorização da República são evidentes, o que facilita a associação de Maquiavel com a busca pelo poder em detrimento de qualquer valor, ou ainda, a concepção de um autor injustiçado pelas circunstâncias e leituras fragmentadas de sua obra. Como no documento que estamos analisando, um primeiro olhar é sempre insuficiente, apesar da leitura sem maiores dificuldades dos textos de Maquiavel. Mais uma vez, se optarmos por uma generalização e simplificação, podemos ficar numa leitura dicotômica e perpetuarmos os modelos explicativos sobre Maquiavel. No entanto, se percorrermos parte das discussões sobre as diferenças entre as duas principais obras de Maquiavel podemos ter uma visão que permite estabelecer alguns caminhos explicativos para a ressonância do nome de Maquiavel, em seus aspectos positivos e negativos. A questão, levantada por alguns intérpretes e comentadores, sobre a unidade dos textos de Maquiavel é reveladora dos posicionamentos e construções sobre o secretário. A pergunta central é se há ou não uma unidade entre duas de suas obras - O Príncipe e os Discursos – ou ainda, se há uma aparente incoerência nas mesmas. O fato de ser ou não republicano1, e a possível