A compreensão acerca do parentesco em Radcliffe-Brown e Malinowski
MALINOWSKI, B. A primeira fase do drama familiar. In: Sexo e repressão na sociedade selvagem. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013, p. 24-31.
Greyce Kelly Cruz de Sousa
De acordo com Radclifffe-Bronwn, a compreensão acerca de parentesco e a noção de família nas sociedades, ditas primitivas se configuram de forma distinta da que tomamos como verdade em nossa sociedade, para a qual, estas relações se dão por laços consanguíneos. Na sociedade analisada por ele, percebe-se a presença do irmão da mãe (o tio) como figura de destaque na organização familiar.
Radclifffe-Bronwn explica que o filho em relação à mãe e à família da mãe, experimenta uma relação de afeto; isso se dá pelo princípio da equivalência de irmãos, ou seja, tanto a mãe, como os irmãos da mãe, são tratados da mesma forma. Assim o irmão da mãe, constituiria uma espécie de pai feminino, como o qual o filho também terá uma relação de afeto. O mesmo ocorre em relação à família do pai, com a qual o filho mantém uma relação de respeito. O princípio da equivalência também se aplica aos irmãos do pai, assim, eles serão tratados com o mesmo respeito. Nesse cenário a figura da irmã do pai adquire importância semelhante ao irmão da mãe; a tia, vai se configurar como uma espécie de pai feminino.
Na nossa sociedade a mãe (feminino) representa o lugar de afeto e o pai (masculino) o lugar de respeito. Nas sociedades analisadas por Redcliffe-Brown, essa diferença sexual não é facilmente demonstrada uma vez que, o irmão da mãe e a irmã do pai, ocupam inversamente esses papéis: ele, de afeto, ela, de respeito.
Malinowski aponta a relação mãe-filho para explicar os laços parentais. Ele fala do elo de ligação que faz com que essas duas figuras fundem-se primeiramente no fato biológico de dependência. No entanto aponta para a presença de fatores sociais destacando a importância da