A comercialização da infância
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A infância hoje assume uma pluralidade de faces. É a infância que submissamente atende às exigências escolares, sentando nos bancos das escolas para adquirir os conhecimentos e aprendizagens que a cultura valoriza. Vestidos com seus uniformes, endireitando para lá e para cá as pesadas mochilas que vergam sua coluna vertebral, lá vão eles, meninos e meninas,inteirando-se de modos obedientes e disciplinados, para aprender e ganhar as notas, para estudar e passar de ano, ser como os adultos, um dia ! Seja outra face da infância, que nos pequenos espaços das atividades solicitadas e exigidas, embriaga-se por horas seguidas em frente à televisão, ao video game ou com os joguinhos de flipper ou computador. Outra pedagogia se instala: a da televisão, que por meio da imagem e do som, da sedução estética, da provocação e da estimulação sensitiva, bate e rebate em temas de relevância atual: a violência, o amor, a sexualidade, a amizade, a traição, o desejo, a ganância, o sucesso. Seja, ainda, outra face da infância, aquela que nascida numa família, e compreendida como “pertencendo” a esta família, encontra-se, paradoxalmente, cada vez mais solitária, circunscrita quase tão só mente à convivência dos seus pares, quando seus pais estão quase sempre ocupados com suas próprias vidas, em ganhar dinheiro, em sobreviver, em não perder tempo. E, quanto mais “os especialistas” recomendam o tal do diálogo entre pais e filho parece que ele anda difícil de ser efetivado. Ou ainda, a infância que judiada pela própria família, habita as ruas das grandes cidades, caçando os níqueis para sobreviver, exposta aos vexames do descaso, da indiferença e do abandono. E assim, continuando a investigar as outras tantas faces da infância de hoje, vemos surgir aquela que se torna crescentemente consumidora voraz dos objetos e das coisas, os quais, disfarçados como a última novidade do planeta, eliciam o desejo do consumo. A infância adapta-se, desta maneira, tomando conotações inusitadas: de