A COLÔNIA EM MOVIMENTO CAPÍTULO 1
FAMÍLIA E ESTABILIDADE
O PARADOXO DO MOVIMENTO
FAMÍLIA E ESTABILIDADE
O PARADOXO DO MOVIMENTO
O termo “família” é, para os estudiosos de ciências humanas, bastante controvertido, já que são inúmeras as formas de organização humana que se podem enquadrar nesta denominação. Para além discussão, em particular da antropologia, de ser família um dado natural/biológico ou cultural, não se pode negar o fato de que as sociedades humanas tiveram sempre presente algum padrão familiar, podendo ser ele de diferentes matrizes e resultantes de variadas combinação.
A documentação mais trabalhada pelos historiadores da família no Brasil escravista tem duas origens e, consequentemente, respondem a diferentes questões:
Fontes Eclesiásticas – os registros paroquiais de batizado, casamento, óbito e processos de banhos matrimoniais. Sua utilização permite em certos casos, uma reconstituição de família nos moldes de demografia francesa de Louis Henry, ressalvando-se a precariedade e descontinuidade dos documentos brasileiros em comparação com as preservadas fontes francesas. A série longa e completa, no tempo, nesse caso, é fundamental para se chegar a algum resultado relevante e são poucos os municípios brasileiros que contam com ela nas condições ideais
Listagens nominais ou mapeamentos por populacionais por fogos (também conhecidos como “maços de população”) que trazem os nomes dos chefes de domicílio, dos cônjuges , dos filhos, dos escravos e dos agregados, quase sempre com as respectivas idades, o estado matrimonial , e a cor/condição.
Nos estudos brasileiros, ambas as fontes foram utilizadas de maneira quantitativa, muitas vezes não extrapolando a fria análise estatístico-demográfica e apresentando tabelas e gráficos sem nenhuma contextualização da sociedade mais abrangente. Pouco problematizada, a árdua tarefa de reconstituição de famílias (feita, diga-se de passagem, por pouquíssimos pesquisadores) acaba árida e sem sentido. Saber a idade em que os