A ciência medieval
No entanto, não devemos considerar todo o período medieval (sécs. V a XV, portanto mil anos) como sendo de obscuridade. Em vários momentos, há expressões diversas de produção cultural às vezes tão heterogênea que se torna difícil reduzir o período àquilo que se poderia chamar pensamento medieval. Uma constante se faz notar no pano de fundo desse pensamento: a tentativa de conciliar a razão e a fé. A temática religiosa predomina na preocupação apologética, isto é, na defesa da fé cristã e no trabalho de conversão dos não-cristãos. A máxima predominante é “Crer para compreender, e compreender para crer”. A filosofia, embora se distinguindo da teologia, é instrumento desta, é serva da teologia.
Apesar do risco de simplificação, dividimos a Idade Média em duas tendências fundamentais: a filosofia patrística e a escolástica.
A filosofia patrística A filosofia patrística inicia-se ainda no período decadente do Império Romano, no séc. III. Essa filosofia auxilia a exposição racional da doutrina religiosa e se acha contida nos trabalhos dos chamados Padres da Igreja, cujas principais preocupações são as relações entre fé e ciência, a natureza de Deus e da alma e a vida moral. A retomada da filosofia platônica, baseada na predileção pelo supra-sensível, contribui para a fundamentação da necessidade de uma ética rigorosa, da abdicação do mundo, do controle racional das