A Cidade Contra a Favela: A nova ameaça ambiental - nota de leitura
O artigo proposto para leitura e análise aborda a problemática das ocupações irregulares no Rio de Janeiro de maneira clara e objetiva, de forma que o leitor permeia seu conteúdo, onde é levado a tomar suas próprias conclusões frente aos argumentos tão bem embasados da autora.
Na introdução ao tema são apresentados fatos irrefutáveis do imenso paradoxo que se forma no problema de habitação no Brasil, sendo que num primeiro momento, a legislação ambiental ao definir como áreas de proteção ambiental as encostas de morros causou o desinteresse do mercado imobiliário em tais áreas, o que facilitou assim a ocupação irregular pela parcela de menor poder aquisitivo da sociedade, e num segundo momento, por uso da própria legislação ambiental, apresenta justificativa para a remoção de tais assentamentos. Já que se admite, por lei, a remoção de favelas quando as mesmas encontram-se em situação de risco ou em unidades de conservação ambiental.
Ao citar Ermínia Maricato, a autora toca na raiz de todo o problema, que é a negligência do estado quanto a provisão de moradias em áreas adequadas para a camada necessitada, e a tolerância e falta de controle quanto à ocupação irregular, de modo a evitar responder a demanda habitacional já existente, que cresce exponencialmente a cada ano.
A liberação de áreas de proteção ambiental para a construção de condomínios para a alta classe, frente a pressão do mercado imobiliário e sob o argumento de que tal ocupação combateria a favelização leva a constatação forçosa e frustrante de que o discurso da preservação ambiental só é valida para a classe baixa, como se fossem as favelas as únicas responsáveis pelo desmatamento e poluição, mais uma vez, faz menção a concepção tão comum do pobre como elemento perturbador da ordem urbana.
Na sessão sobre a série jornalística “Ilegal e daí?” vemos a