Espaço e criminalidade em favelas de belo horizonte
ESPAÇO E CRIMINALIDADE EM FAVELAS DE BELO HORIZONTE
Vera Cristina de Sousa Lima (NPGAU/UFMG) - veracslima@gmail.com
Arquiteta, mestre em arquitetura e urbanismo, arquiteta da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (URBEL)
Este trabalho visa discutir as relações entre a criminalidade e a configuração socioespacial de favelas de Belo Horizonte, considerando a condição interna dos assentamentos e suas condições de inserção no meio urbano. Normalmente segregadas em relação ao entorno, porém ricas em relação à apropriação dos espaços e às relações sociais internas, as favelas apresentam uma configuração socioespacial que parece funcionar de maneira ambígua em relação aos diversos tipos de crime. O espaço das favelas, com suas diversas formas de apropriação, favorece a vigilância natural exercida pelos próprios moradores, porém é bastante desfavorável à presença de estranhos, visto que pouco acessível e de difícil compreensão. Se por um lado parece inibir certos tipos de crimes, como os furtos e assaltos, por outro parece propiciar a emergência de territorialidades e a reversão de atributos propícios ao controle social a favor de grupos criminosos, como os ligados ao tráfico de drogas.
Introdução
Nas duas últimas décadas, Belo Horizonte passou por um processo de agravamento da violência, com um grande crescimento nas taxas de homicídio1, repetindo o que já havia ocorrido no Rio de Janeiro e São Paulo a partir de meados dos anos 1980.
Com uma distribuição espacial e temporal heterogênea dos crimes, em Belo Horizonte, assim como em outros centros urbanos, os crimes contra o patrimônio se concentram nas áreas mais centrais e de mais alta renda, e os crimes contra a pessoa, notadamente os homicídios, nas áreas homogeneamente pobres (BEATO, 2004). Apesar de as favelas de Belo Horizonte não serem apontadas de uma maneira geral como locais violentos, os homicídios se concentram em