Serra
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Júlio Dias · Belo Horizonte, MG
24/3/2013 · 3 · 0
Vinte e três de março de dois mil e treze. Onze horas da manhã. Belo Horizonte – Minas Gerais. Subi a favela do Aglomerado da Serra, considerada uma das maiores favelas do Brasil com quase 60 mil habitantes, cruzando quatro bairros da cidade, para conhecer os projetos sócio-culturais do rapper Hudson Carlos de Oliveira, conhecido como Ice Band, ganhador do prêmio “Bom Exemplo”, parceria entre a TV Globo Minas, Fundação Dom Cabral, FIEMG e Jornal O Tempo. Num primeiro momento, fomos muito bem recepcionados em sua residência com frutas e um bom café, bebida tradicional no lar mineiro. Ali, Hudson começou a narrar para nós sua história.
Começando por sua infância, Ice Band contou como se envolveu com a criminalidade, mostrando a nós as cicatrizes que esse mal deixou registrado em sua pele. “A violência atrai a violência e essas marcas no meu corpo são o retrato dessa verdade. Hoje sou um outro cara, meu pensamento é outro. Depois que conheci e entrei no hip-hop, passei a enxergar o mundo de outra forma, passei a desejar que ele seja transformado”, dizia empolgado o rapper.
No segundo momento da visita, fomos adentro da comunidade, onde Ice Band se apresentou de maneira fenomenal à crianças, jovens e adultos no Centro Cultural Vila Fátima, espaço onde acontecem exposições e intervenções artísticas, aulas de dança, violão, informática, entre diversas outras atividades culturais.
Durante sua apresentação, Hudson cativava e incentivava os jovens à serem pessoas honestas, comprometidas com a paz e com o respeito ao próximo.
“Eu mudei porque vi que não estava no caminho certo. Através da educação, dos movimentos sociais e do rap consegui conquistar um espaço. A arte me ajudou a querer viver, a passar uma ideia positiva para a comunidade, onde tem gente se matando e morrendo. O rap tem um papel importante na minha vida e um papel educacional na comunidade.