A Cidade como escrita.
Nesta obra de 1988, intitulada O que é cidade, a autora Rachel Rolnik promove uma reflexão a respeito do fenômeno urbano, sua origem e transformação, abrindo campo para um entendimento, também de sociedade e urbanização. Entretanto, o objeto de estudo nesta resenha, é o capítulo intitulado A cidade como escrita, que apresenta a cidade e suas características como símbolos capazes de interpretar a sociedade.
A autora considera a cidade o registro da sua própria história, infestada de símbolos que representam uma sociedade e suas manifestações. Construir cidades é uma forma de escrita, como se a cidade fosse um imenso alfabeto, com o qual se montam e desmontam palavras e frases. As características de uma cidade, como a disposição dos imóveis e a arquitetura, por exemplo, expressam características sociais daqueles grupos ou indivíduos que a habitam ou que de alguma forma contribuem para sua formação.
Para ilustrar esta questão, e facilitar o entendimento do leitor, Rolnik atribui a arquitetura da cidade como registro social, e cita, como exemplo, os antigos palacetes que se transformaram em cortiçados, que lhe conferem um novo significado dentro cidade. A autora, também, citas as cidades de Salvador e Ouro Preto, onde os símbolos e significados do passado interceptam com o presente, construindo uma rede de significados móveis.
“Cívitas”. A cidade política
Na introdução desta parte do livro, a autora reflete sobre a origem da cidade juntamente com a aglomeração de indivíduos, que hoje em dia, é conceituado como massa, e apresenta movimentos percursos permanentemente dirigidos, como os fluxos nos terminais de transporte em hora de pico ou no próprio trânsito.
Desde sua origem, cidade significa uma maneira de organizar o território e fundamentar uma relação política entre os indivíduos e grupos da sociedade. A aglomeração de indivíduos faz a necessidade de gestão da cidade. Da necessidade da organização da vida pública, emerge um