A catequese nos primórdios do Brasil
Piratininga revisitado.
Atualmente vivem no Estado de São Paulo, três grupos étnicos maiores: os Kaingang e Terena no interior, e os Guarani na própria capital com seus arredores, no interior e no litoral. Estes índios não são descendentes dos povos que receberam a primeira catequese de Piratininga. A maioria destes povos das Missões e Reduções, desapareceram.
E a primeira Piratininga, fundada por Martim Afonso, desapareceu poucos anos depois de sua fundação, e precedeu a modesta “Casa de Piratininga” que Nóbrega inaugurou em 1554. No dia 22 de janeiro de 1532, dia de São Vicente, Martim Afonso de Sousa fundou a Vila de São Vicente e, mais tarde organizou uma outra vila, dentro do sertão, à borda de um rio, que se chamava Piratininga, próximo à aldeia de Tibiriçá, líder indígena da região e sogro de João Ramalho que chegou em torno de 1513 ao território vicentino.
A história de São Paulo é uma história de desaparecimentos, resistências e transformações. Não só os povos indígenas desapareceram, resistiram e, transformados, estão novamente na cidade. Também seus missionários desapareceram, foram expulsos de Piratininga e de Santos em 1640, e do Brasil, em 1759, e, novamente, estão de volta ao “Pateo do Colégio”, arando a memória. Os índios e os jesuítas de hoje são outros. Os índios urbanos são mais pobres, indefesos e ameaçados pelo esquecimento e pela violência.
“A história do índio em São Paulo”, lamenta John Monteiro, “é uma história triste. É uma história de desintegração, marginalização e desaparecimento de vários povos” que a catequese – apolítica em seu conteúdo, altamente política, porém, em seu significado – não conseguiu impedir.
As experiências iniciais da catequese mostraram que a região de beira-mar, com a presença de aventureiros, traficantes e donos de escravos, e com a lei a serviço do mais forte, não era propícia para a conversão dos índios. Manuel de Nóbrega, primeiro provincial dos jesuítas