Mario Fernandes Correia Branco
Mário Fernandes Correia Branco 1
Na esteira da expansão comercial e militar de Portugal vieram os missionários. Os dominicanos, os agostinianos e os franciscanos foram os pioneiros na evangelização do Oriente. Em 1538, Diogo de Gouveia, o velho, informou o rei D. João III sobre os clérigos reformados, como a princípio eram chamados os companheiros de Inácio de Loyola. O reitor do colégio de Santa Bárbara acreditava que a eles poderia ser confiada a tarefa de conversão dos habitantes das terras não só do Oriente como do Novo Mundo. Em 1540, através de seu embaixador junto ao papa Paulo III, o soberano conseguiu o envio de dois jesuítas a Lisboa. Eram eles o português Simão Rodrigues e o fidalgo navarrês Francisco Xavier. Aquele permaneceu na corte portuguesa, onde trabalhou para a consolidação da empresa inaciana em terras lusitanas. A este coube a tarefa de partir para a Índia, onde deu início à primeira missão da Companhia de Jesus fora do continente europeu.
A expansão da fé estava inevitavelmente atrelada àquela outra, a do império. De fato, somente a bordo das naus da Carreira da Índia os religiosos podiam chegar às regiões mais distantes do império colonial lusitano, cujos limites se desenharam a partir dos primórdios da expansão ultramarina, no início do século XV. Por conseguinte, não se pode negar o papel primordial da associação do comércio com o catolicismo, união que a muitos pode parecer odiosa, mas que era, para os que viveram naqueles tempos, algo natural. Condená-la é, no mínimo, um anacronismo.
A expansão das atividades missionárias da Companhia de Jesus não fugiu a essa imbricação de interesses mercantis e religosos. Por conseguinte, foi sob o patrocínio régio de D. João III, que Francisco Xavier, um dos fundadores da Ordem, tornou-se o primeiro jesuíta a deixar a Europa com o objetivo declarado de propagar o catolicismo nas distantes terras banhadas pelo oceano Índico.
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