A Carta-Denúncia de Joaquim Silvério dos Reis
Em 15 de março de 1789, o governador da Capitania de Minas Gerais foi procurado pelo coronel da Cavalaria-Auxiliar dos Campos Gerais, Joaquim Silvério do Reis. Silvério denunciou a organização de uma conspiração que desejava transformar a "Capitania de Minas Gerais" em um estado livre.
Em 19 de abril Joaquim Silvério partiu para o Rio de Janeiro, onde repetiria a denúncia ao Vice-Rei e seguiria os passos do alferes Joaquim José da Silva Xavier.
Antes de partir deixou sua denúncia escrita:
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Ilmo. e Exmo. Sr. Visconde de Barbacena
Meu Senhor: - Pela forçosa obrigação que tenho de ser leal vassalo à nossa Augusta Soberana, ainda apesar de se me tirar a vida, como logo se me protestou na ocasião em que fui convidado para a sublevação que se intenta, prontamente passeia pôr na presença de V. Excia. o seguinte:
Em o mês de fevereiro deste presente ano; vindo da revista do meu Regimento, encontrei no arraial da Laje o Sargento-Mor Luís Vaz de Toledo; e falando-me em que se botavam abaixo os novos Regimentos, porque V. Excia. assim o havia dito, é verdade que eu me mostrei sentido e queixei-me ao sargento-mor: me tinha enganado, porque em nome da dita Senhora se me havia dado uma patente de coronel, chefe do meu Regimento, com o qual me tinha desvelado em o regular e fardar, e muita parte à minha custa e que não podia levar à paciência ver reduzido à inação o fruto do meu desvelo, sem que eu tivesse faltas do real serviço; e juntando mais algumas palavras em desafogo da minha paixão. Foi Deus servido que isso acontecesse para se conhecer a falsidade que se fulmina.
No mesmo dia viemos dormir à casa do Capitão José de Resende; e chamando-me a um quarto particular, de noite, o dito Sargento-Mor Luís Vaz, pensando que o meu ânimo estava disposto para seguir a nova conjuração pelos sentimentos e queixas que me tinha ouvido, passou o dito sargento-mor a participar- me, debaixo de todo o segredo, o seguinte: