A carroça, o bonde e o poeta
Alude o autor à conciliação de três elementos característicos na poesia de Oswald: uma fórmula fácil e eficaz para ver o Brasil pelas janelas do poema; o ser poeta sem o esteticismo apregoado pelos poetas doutras escolas literárias semelhante ao modo leninista de fazer política – “O Estado uma vez revolucionado, se poderia administrar com os conhecimentos de uma cozinheira”; o uso de um reduzido vocabulário – reduzido, no sentido de ser comum a todos – o qual Schwarz compara à poética de Bertolt Brecht que se dispunha à redução vocabular do Basic English. Para o autor, somam a isso na poesia de Oswald, uma fórmula de duas operações: a justaposição de elementos próprios ao Brasil-Colônia e ao Brasil burguês, e a elevação do produto à dignidade de alegoria do país. Elementos estes que, nos utilizando o pensamento de Adorno, apontam para um movimento de tensão no interior do poema. Isto é, o pensamento de Schwarz parece ir de encontro a essa concepção, por ter no poema a visão dum espaço em que se apresentam uma dada realidade em choque com outra. Noutras palavras, vê o autor, a poesia modernista como espaço de confluências do tradicional com o moderno. Essa dualidade, no entanto, obedece à própria realidade sociológica que não parava de colocar lado a lado os traços burguês e pré-burguês.
Enquanto representante desse movimento, Oswald – pela irreverência e liberdade apresentadas em seu poema, que mais o poderiam levar a ser visto como piadista – adquire o caráter de inovador, justamente, porque soube, no interior do poema, associar esses pólos à primeira vista dissonantes e, não apenas isso, traz o poeta outro elemento importante para a poesia dessa época de então: que é o de fazer do poema