BREVE ANÁLISE DO BRASIL DOS ANDRADES
A questão da entidade nacional se fez presente de modo central no Modernismo Heroico e mobilizou autores diferentes que propulsionaram projetos com indagações e respostas variadas sobre o caráter brasileiro. O problema foi observado a partir de um novo prisma pela 2ª geração da literatura modernista, que se propôs a desvendar a questão nacional a partir de observações regionais. Nesse brevíssimo ensaio, faremos uma análise comparativa de 3 poemas que discutem o assunto, escritos durante a primeira e a segunda gerações modernistas, nos anos 20 e 30, por poetas que ao mesmo tempo se relacionam e se dissociam: Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Carlos Drummond de Andrade. Tal reflexão será feita a partir de um breve exame do percurso desenvolvido por cada autor, das influências mutuamente exercidas entre os poetas, dos projetos por eles criados, da maneira pela qual tais projetos se desenrolaram, dos desdobramentos de cada caminho e das colocações que a crítica literária proporcionou sobre o tópico.
Poema, Mário de Andrade
É observável em Poema, de O clã do jabuti, a presença do Mário de Andrade folclorista e etnógrafo matavirgista que procurou reinventar o Brasil pela cultura popular e aceitou, para encontrar o seu objetivo, ferir a própria autonomia da Arte, dando-lhe a tarefa - que se revelará quimérica - de pesquisar o que seria o caráter nacional. Como muito dos símbolos empregados em sua obra (o bumba-meu-boi, o jabuti esfacelado ao cair do céu), o poeta se sacrificará pelo seu projeto (tantas vezes reinventado que talvez mereça ser considerado não como um, mas como uma série de programas reelaborados), fazendo uma íntima associação entre a supostamente frustrada pesquisa do Brasil e a busca de si mesmo, o que o tornará uma espécie de mártir a carregar a cruz do Modernismo. A obra de Mário de Andrade, como um todo, é um palco onde são encenados os impasses do movimento modernista brasileiro.
Voltando o nosso