A capacidade para estar só de winnicott
Fortaleza, outubro de 2012.
Resumo A capacidade de o indivíduo ficar só é um dos sinais mais importantes do amadurecimento do desenvolvimento emocional. Existem muitas experiências que contribuem para o surgimento do fenômeno da capacidade de ficar só, porém há uma experiência que é básica e sem a qual a capacidade de ficar só não surge; essa experiência é a de ficar só como lactente ou criança pequena na presença da mãe ou de sua substitua, ou seja, se fundamenta num paradoxo onde teremos que ter a capacidade de ficar só quando alguém está presente. Trata-se, assim, de uma relação entre duas pessoas em que a presença de uma delas é importante para a outra, mas uma delas, ou mesmo as duas, estão sós, sem conexão, mas ligadas. Estar só na presença de alguém pode ocorrer num estado bem precoce, quando a imaturidade do ego é compensada pelo apoio do ego da mãe. À medida que o tempo passa o indivíduo introjeta o ego auxiliar da mãe, e dessa maneira se torna capaz de ficar só sem o apoio da mãe ou de um símbolo de mãe. Ressalto que só se pode chegar ao desenvolvimento desse fenômeno depois do estabelecimento de relações triádicas. Apesar do cuidado da mãe ser de extrema importância para o desenvolvimento afetivo, Winnicott não atribuía integralmente o alcance dessa possibilidade a mãe. Ele também leva em consideração o potencial do bebê para tal aquisição. Também são pontos chave pra essa questão, que a mãe tolere a exclusão para se criar a possibilidade do lactente viver à solidão sofisticada. Winnicott fala, assim, da importância da presença da mãe em momentos de repouso do id. Por isto ele chama este fenômeno de relação com o ego. Afirma que, neste contexto, quando